terça-feira, 1 de março de 2011

COBERTURA DE LANÇAMENTO DO FILME "VÍTIMAS" NO 'TEMPO GLAUBER' - RIO DE JANEIRO.

O movimento na Rua Sorocaba 190, em Botafogo, Rio de Janeiro, foi intenso no dia 25 de fevereiro. A sede do 'Tempo Glauber' viveu um verdadeiro pré-carnaval e um “entra e sai” de convidados, devido ao evento de estréia do filme VÍTIMAS. Além das três sessões programadas foi necessário criar uma quarta sessão às 23h para acolher todo o público que veio prestigiar o filme e sua equipe. Artistas, cineastas, jornalistas , amigos e familiares circularam pelo local que contou também com a ilustre presença de Dona Lúcia Rocha, mãe do diretor Glauber Rocha e idealizadora do Tempo Glauber. Trazendo para o espaço o clima de carnaval do filme, a casa foi decorada com serpentinas e marchinhas tocavam ao fundo contribuindo para o clima de folia e confraternização. Recepcionando o público tivemos a presença da talentosa drag queen Magaly Penélope . Pode-se dizer que a estréia do filme VÍTIMAS no Rio de Janeiro foi um sucesso de público e crítica.


Presença de Dona Lúcia Rocha, 92 anos, mãe do cineasta Glauber Rocha.

João Raknel, ator do filme e sócio da Teia Mídia, junto com Davi Santana, responsável pela montagem, abriu as sessões para o público:“A Teia Mídia resolveu fazer um projeto em cinema de ficção. Para por em prática essa iniciativa, chamei o diretor João de Freitas para desenvolver o roteiro e dirigir o filme. Convidei também o maravilhoso ator Felipe Cartier para ser meu parceiro de cena".




Em seguida foi a vez do diretor João de Freitas que falou da responsabilidade de se adaptar um conto de João do Rio e do tempo que vem trabalhando seus textos com a intenção de encená-los. Primeiro como peça teatral e agora para o cinema. “Adaptar o conto A Aventura de Rosendo Moura para os dias de hoje e para o universo gay foi uma forma de homenagear o João do Rio. Mulato e homossexual , muito discriminado e perseguido em sua época, o início do século 20. Mas o filme não se propõe a debater esse tema. Esse não é o foco principal. (...) O filme é fiel ao conto. Trata da relação conflituosa entre vítima e algoz, de dependência, de perversão. Trata do destino e do enigma da vida a que qualquer indivíduo está exposto. Esse trabalho é antes de mais nada uma homenagem a João do Rio, um dos cronistas mais carioca dessa cidade. Há décadas esquecido e que merece ser redescoberto pelas novas gerações”. (Leia o depoimento completo no final da matéria)


O conto de João do Rio no cinema obteve grande aceitação rendendo comentários entre um intervalo e outro. Segundo Claudia Tisato, jornalista da TV BRASIL, “A proposta da produtora (Teia Mídia) foi excelente. Primeiro por escolher um diretor de teatro (João de Freitas) para dirigir o filme e segundo por apostar num elenco desconhecido. O resultado foi um filme muito bem produzido e enxuto”. Claudia também elogiou o TEMPO GLAUBER. O espaço é administrado pela família do cineasta Glauber Rocha. O objetivo é preservar e divulgar toda a obra do diretor como seus filmes, manuscritos, roteiros, desenhos; além de estar aberto para promover lançamentos de filmes entre outras iniciativas. (Saiba mais em http://www.tempoglauber.com.br/)


Além da presença de Dona Lúcia Rocha, estiveram presentes a equipe de produção do programa SEM CENSURA – TV BRASIL, a equipe de jornalismo da TV BRASIL, através da editora e jornalista Claudia Tisato, de amigos da Rede MultiRio de TV, do Jornalista e editor da Revista João do Rio- Revista Internética, Márcio Salgado. O lançamento foi possível graças ao apoio de João Rocha e Thales de Moraes com o projeto NOITE CONTEMPORÂNEA CINE, de exibição de curtas-metragens, aberto a todos os realizadores que queiram divulgar seus filmes no TEMPO GLAUBER. "Vítimas", enfim, cumpriu seu objetivo - Homenagear, relembrar e referendar a obra de João do Rio.



DEPOIMENTO SOBRE O PROJETO “VÍTIMAS”
POR JOÃO DE FREITAS


A idéia do filme VÍTIMAS partiu de um projeto teatral concebido por mim há anos. Uma adaptação de contos do João do Rio para teatro. Havia adaptado vários contos dele e sempre vi nesse material um potencial dramatúrgico enorme. Via também seu potencial cinematográfico mas na época estava totalmente absorvido pelo fazer teatral. Entre os contos adaptados estava “A Aventura de Rosendo Moura”. Sempre me fascinou a modernidade de João do Rio e aquele Rio de Janeiro entrando no século XX, com a chegada dos automóveis, da luz elétrica, cosmopolita, mundano. Esse conto foi publicado em 1919 no livro “A Mulher e os espelhos”. Quando o pessoal da Teia Mídia me convidou para escrever um roteiro para um curta, parei para pensar o que seria e alguns dias depois me veio a idéia de apresentar esse conto como proposta para o filme. Reacendeu na minha mente a idéia de uma versão para cinema. De todos os contos que eu havia adaptado, todos passados nas duas primeiras décadas do séc. XX, com o irresistível charme da belle époque carioca, “A Aventura de Rosendo Moura” era o que eu considerei o mais possível de trazer para os dias atuais. Além de adorá-lo em termos de ação dramática. Era o conto que não perderia a sua essência e sua força, não sendo um filme de época – o que seria fantástico mas impossível de realizar em termos de produção em se tratando de um primeiro filme de ficção da Teia Mídia. Aproveitei essa “atualização” para transformar o personagem da prostituta Corina Gomes, no garoto de programa Breno. João do Rio era homossexual e essa sua faceta aparece um tanto velada na sua obra em termos de personagens. Um conto aqui, uma figura dúbia ali, uma insinuação de vez em quando. Ele foi muito discriminado por isso no seu tempo. Mas como foi uma figura surpreendente, fez muito sucesso, ficou rico, teve seu próprio jornal entre outras façanhas. Trazer a história para o universo gay de hoje foi uma forma de homenagear o João do Rio homossexual. Mas o filme não se propõe a tratar desse tema. Esse não é o foco. Os personagens são gays mas não tem problemas com isso. São pessoas resolvidas que vivem suas vidas como qualquer um. Essa não é a questão. O filme é fiel ao conto. Trata da relação conflituosa entre vítima e algoz, de dependência, de desejo e perversão, de correr riscos. Trata do enigma da vida a que qualquer indivíduo está exposto. Esse trabalho é antes de mais nada uma homenagem a João do Rio, um dos mais cariocas cronistas dessa cidade. Há décadas esquecido e que merece ser redescoberto pelas novas gerações.















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